A Defesa Prévia por recusa do bafômetro é a primeira oportunidade que o motorista tem para contestar uma autuação antes que a penalidade seja aplicada. Muitos condutores têm dúvidas sobre esse processo, especialmente porque a recusa ao teste do bafômetro é um direito garantido, mas também resulta em penalidades severas conforme previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Neste artigo, vamos explicar em detalhes como funciona a Defesa Prévia, quais são as penalidades previstas, os principais erros cometidos ao recorrer e estratégias eficazes para aumentar as chances de cancelamento da multa e da suspensão da CNH.
Se você recebeu uma autuação por se recusar a soprar o bafômetro, continue lendo e descubra os melhores caminhos para contestá-la.
O que diz a Lei Sobre a Recusa ao Bafômetro?
A recusa ao teste do bafômetro é um tema polêmico dentro do direito de trânsito, pois envolve princípios constitucionais e normas específicas do Código de Trânsito Brasileiro . Para entender como funciona a defesa prévia recusa bafômetro, é fundamental conhecer o que diz a legislação sobre essa infração, os direitos do motorista e os impactos dessa recusa em comparação com a Lei Seca.
O artigo 165-A do Código de Trânsito Brasileiro foi inserido pela Lei nº 13.281/2016 e prevê penalidades para o condutor que se recusa a realizar testes que comprovem a presença de álcool no organismo. O texto da lei estabelece que:
“Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que permita certificar a influência de álcool ou outra substância psicoativa, na forma disciplinada pelo Contran, configura infração gravíssima.”
A penalidade para essa infração é idêntica à de um motorista flagrado dirigindo embriagado, ou seja:
- Multa no valor de 10 vezes o valor da infração gravíssima (R$ 2.934,70 em 2024).
- Suspensão do direito de dirigir por 12 meses.
- Recolhimento da CNH e retenção do veículo, caso não haja um condutor habilitado para assumi-lo.
Ou seja, mesmo sem a comprovação de ingestão de álcool, o motorista que se recusa a soprar o bafômetro já está sujeito às mesmas penalidades de quem faz o teste e tem resultado positivo.
Princípio da presunção de inocência e o direito à ampla defesa
Um dos principais questionamentos em relação à penalidade por recusa ao bafômetro é o conflito com o princípio da presunção de inocência, previsto no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, que estabelece que ninguém pode ser considerado culpado até que haja prova em contrário.
No direito penal, uma pessoa não pode ser obrigada a produzir provas contra si mesma, o que é conhecido como o princípio do nemo tenetur se detegere. No entanto, no direito de trânsito, a recusa ao teste do bafômetro gera penalidades automáticas, sem a necessidade de comprovação de embriaguez, o que levanta debates jurídicos.
Por isso, a defesa prévia recusa bafômetro se torna uma ferramenta essencial para contestar a penalidade, principalmente em casos onde:
- O auto de infração apresenta erros formais.
- Não há outros indícios de embriaguez descritos na abordagem.
- O agente de trânsito não seguiu os procedimentos corretos ao aplicar a penalidade.
O que é a Defesa Prévia na recusa do bafômetro?
A defesa prévia é a primeira oportunidade que o motorista tem para questionar a autuação antes que a penalidade seja confirmada. Ela tem um caráter administrativo e preventivo, servindo para identificar falhas ou inconsistências no auto de infração.
Se bem fundamentada, pode levar ao cancelamento da multa e da suspensão da CNH antes mesmo da necessidade de um recurso mais complexo. Essa etapa é essencial porque, caso a defesa prévia seja aceita, o auto de infração pode ser arquivado, e o motorista não precisará prosseguir com um recurso administrativo.
O processo de penalização por recusa ao bafômetro segue as seguintes fases:
1️⃣ Autuação – O agente de trânsito lavra o auto de infração, registrando que o condutor se recusou a realizar o teste do bafômetro. A partir desse momento, o motorista pode acompanhar a notificação e se preparar para contestar.
2️⃣ Defesa Prévia – Antes que a penalidade seja aplicada, o condutor tem direito a apresentar a defesa prévia ao órgão de trânsito responsável (Detran, DER, PRF, entre outros).
3️⃣ Julgamento da Defesa Prévia – O órgão analisa os argumentos apresentados. Caso a defesa seja aceita, o auto de infração é arquivado e não há aplicação da multa nem da suspensão da CNH. Se for indeferida, o processo segue para a aplicação da penalidade.
4️⃣ Recurso em 1ª e 2ª instância – Caso a defesa prévia seja rejeitada e a penalidade aplicada, o motorista ainda pode recorrer ao JARI (Junta Administrativa de Recursos de Infrações) e ao CETRAN (Conselho Estadual de Trânsito) para tentar reverter a decisão.
Prazo para apresentação da defesa prévia
O prazo para apresentar a defesa prévia na recusa ao bafômetro varia conforme o órgão de trânsito que aplicou a autuação, mas geralmente é de 15 a 30 dias a partir da data da notificação de autuação.
Se a defesa não for apresentada dentro do prazo, o auto de infração se transforma em penalidade, e o condutor terá que recorrer posteriormente em instâncias mais complexas.
Caso o motorista não tenha recebido a notificação, ele pode verificar o status da infração diretamente no site do Detran do estado onde ocorreu a autuação.
✅ Dica: Sempre fique atento à correspondência e ao endereço cadastrado no Detran para evitar perder prazos importantes.
Argumentos eficientes para a defesa prévia recusa bafômetro
Para que a Defesa Prévia Recusa Bafômetro tenha chances reais de sucesso, é essencial apresentar argumentos bem fundamentados, embasados em falhas processuais ou na falta de comprovação da infração. A seguir, exploramos os principais pontos que podem ser usados na contestação da autuação.
1. Erros Formais na Autuação
A primeira estratégia para contestar a multa por recusa ao bafômetro é verificar se houve erros formais no auto de infração. Qualquer falha no preenchimento do documento pode levar à anulação da autuação. Os erros mais comuns incluem:
- Dados incorretos ou incompletos – Nome do condutor errado, placa do veículo diferente, local da infração impreciso ou ausente.
- Falta de assinatura do agente de trânsito – A assinatura do agente responsável é um requisito obrigatório. Sem ela, o auto pode ser considerado inválido.
- Ausência de descrição da infração – A legislação exige que o agente registre detalhadamente a conduta do motorista, incluindo o motivo pelo qual foi abordado. Se essa descrição estiver ausente ou vaga, a defesa pode argumentar a nulidade da autuação.
- Erro na tipificação da infração – Se o agente enquadrou a infração no artigo 165 (dirigir sob influência de álcool) em vez do 165-A (recusa ao bafômetro), por exemplo, a autuação pode ser considerada irregular.
Caso algum desses erros seja identificado, o argumento da defesa deve focar na falta de conformidade com as exigências legais, tornando a penalidade passível de anulação.
Embora a recusa ao bafômetro já seja considerada uma infração, o simples fato de se negar ao teste não comprova que o condutor estava embriagado. O agente de trânsito deve fornecer elementos adicionais que indiquem a possível ingestão de álcool.
2. Violação de Direitos do Condutor no Momento da Abordagem
Outra estratégia importante é verificar se o condutor teve seus direitos respeitados no momento da abordagem. Algumas falhas comuns cometidas por agentes de trânsito podem invalidar a autuação, como:
❌ Falta de informação adequada sobre a infração – O agente deve informar o motorista de forma clara e objetiva sobre o motivo da abordagem e as consequências da recusa ao bafômetro. Se isso não ocorreu, a defesa pode alegar cerceamento do direito de ampla defesa.
❌ Coação ou intimidação – Se o condutor foi coagido a assinar um documento sem compreender a infração ou se houve qualquer tipo de abuso de autoridade, isso pode ser um ponto forte para a anulação da penalidade.
❌ Abordagem irregular – Caso a abordagem tenha ocorrido fora de uma blitz oficial ou sem a devida sinalização da fiscalização de trânsito, a defesa pode alegar que o procedimento foi indevido.
Se houver qualquer evidência de que os procedimentos legais não foram seguidos corretamente, a defesa pode solicitar a anulação da infração com base na ilegalidade da abordagem.
A Defesa Prévia Recusa Bafômetro é uma ferramenta essencial para contestar autuações indevidas. Para aumentar as chances de sucesso, é fundamental analisar minuciosamente o auto de infração, verificar se há erros formais, avaliar a falta de provas concretas e garantir que os direitos do motorista foram respeitados no momento da abordagem.
Vale a pena recorrer ou pagar a multa?
Receber uma autuação por recusa ao bafômetro levanta uma dúvida comum entre os motoristas: vale mais a pena recorrer ou pagar a multa? A resposta depende de diversos fatores, como a existência de falhas na autuação, o impacto da penalidade na vida do condutor e as chances reais de sucesso no recurso.
Apresentar uma Defesa Prévia Recusa Bafômetro pode ser vantajoso quando há erros formais no auto de infração, como informações incorretas ou omissões obrigatórias, falta de provas concretas da embriaguez ou indícios de que a abordagem foi irregular. Além disso, para motoristas profissionais que dependem da CNH para trabalhar, a suspensão do direito de dirigir por 12 meses pode causar prejuízos significativos, tornando o recurso uma necessidade.
Por outro lado, em alguns casos pode ser difícil obter o deferimento da defesa. Se o auto de infração estiver corretamente preenchido e bem fundamentado, com descrição detalhada da abordagem e sinais de alteração da capacidade psicomotora, as chances de sucesso diminuem.
Além disso, condutores com histórico de infrações semelhantes ou que utilizam apenas o argumento da presunção de inocência podem encontrar mais resistência dos órgãos de trânsito.
Nesses casos, recorrer pode ser um processo demorado e com poucas chances de sucesso, tornando o pagamento da multa uma opção mais prática, principalmente se for possível obter desconto de até 40% no valor da infração por meio do Sistema de Notificação Eletrônica (SNE).
O valor da multa por recusa ao bafômetro é de R$ 2.934,70, um dos mais altos do Código de Trânsito Brasileiro, além da suspensão da CNH por 12 meses e a obrigatoriedade de realizar o curso de reciclagem.
Para motoristas de aplicativo, caminhoneiros e outros profissionais que dependem da habilitação, essa penalidade pode ser extremamente prejudicial. Além disso, o registro da infração gravíssima pode afetar o valor do seguro do veículo e trazer complicações futuras. Por isso, recorrer pode ser a única alternativa para evitar essas consequências e manter o direito de dirigir.
A decisão entre recorrer ou pagar a multa deve ser tomada com base em uma avaliação detalhada do auto de infração e da situação do condutor. Se houver falhas processuais ou argumentos sólidos para contestar a penalidade, entrar com a defesa prévia e os recursos administrativos pode ser a melhor opção.
Por outro lado, se a autuação estiver bem fundamentada e o condutor não quiser se envolver em um processo burocrático com poucas chances de êxito, pode ser mais vantajoso quitar a multa e cumprir a penalidade. Independentemente da escolha, é essencial agir dentro dos prazos estabelecidos para evitar complicações adicionais.